Restauro a painéis de Almada Negreiros em gare de Lisboa

Ruth Pedro
24 de Abril, 2024

As cores originais usadas pelo artista Almada Negreiros no conjunto de painéis criados para a Gare Marítima da Rocha do Conde d’Óbidos, em Lisboa, começam a revelar-se pela mão dos especialistas responsáveis pelo projeto de restauro iniciado em janeiro.

A intervenção nos painéis daquela gare marítima decorrerá durante 14 meses, segundo a Administração do Porto de Lisboa (APL), inserida num projeto mais amplo que também abrange os painéis da Gare Marítima de Alcântara, a recuperação dos dois edifícios e a criação de um Centro Interpretativo.

“O artista Almada Negreiros (1893-1970) considerava esta a sua obra mais conseguida, e via estes painéis como uma das suas melhores obras”, disse à agência Lusa a técnica de restauro Mariagiulia Roscigno, uma das sete especialistas da equipa da NC Restauro – Nova Conservação envolvida no projeto.

A especialista descobriu, durante o estudo da obra, que “é possível notar uma variação na sua forma de se exprimir, um desenvolvimento da técnica, da utilização dos materiais, e até do ponto de vista figurativo”.

Entre 1943 e 1949, Almada Negreiros atingiu o ponto mais alto da sua pintura mural na Gare Marítima da Rocha do Conde d’Óbidos e na Gare Marítima de Alcântara, num conjunto de painéis que estão a ser alvo de recuperação no âmbito de um protocolo de colaboração entre a APL e o Grupo World Monuments Fund Portugal (WMF), com um financiamento global de 700 mil euros, através de donativos de mecenas nacionais e internacionais.

O restauro começou pela Gare Marítima da Rocha do Conde d’Óbidos, onde os especialistas fizeram um pré-diagnóstico do estado dos seis painéis com 27 metros quadrados cada.

Almada inspirou-se nos temas da realidade da capital, como a partida dos barcos carregados de emigrantes, as atividades de pesca e de construção naval junto ao rio Tejo, e à vida lisboeta nas ruas, em espetáculos de circo, com trapezistas e malabaristas, o bulício das peixeiras e dos trolhas.

“São painéis com muito movimento e muitos detalhes de um artista que era multidisciplinar e que gostava de experimentar técnicas diferentes”, apontou Mariagiulia Roscigno, acrescentando que, durante a pesquisa, o grupo de conservadores descobriu que, no trabalho inicial de aplicação dos desenhos nas paredes para a posterior pintura, Almada explorou diversos modos de intervenção.

No primeiro dos três painéis sobre a vida no porto e nas ruas da cidade, o artista retratou-se numa varanda a si próprio acompanhado da mulher, Sarah Afonso (1899-1993), ela também artista modernista, reconhecida pela sua obra.

https://chuva-bomtempo.blogspot.com/2014/04/almada-negreiros.html
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Restauro a painéis de Almada Negreiros em gare de Lisboa

Ruth Pedro
24 de Abril, 2024

As cores originais usadas pelo artista Almada Negreiros no conjunto de painéis criados para a Gare Marítima da Rocha do Conde d’Óbidos, em Lisboa, começam a revelar-se pela mão dos especialistas responsáveis pelo projeto de restauro iniciado em janeiro.

A intervenção nos painéis daquela gare marítima decorrerá durante 14 meses, segundo a Administração do Porto de Lisboa (APL), inserida num projeto mais amplo que também abrange os painéis da Gare Marítima de Alcântara, a recuperação dos dois edifícios e a criação de um Centro Interpretativo.

“O artista Almada Negreiros (1893-1970) considerava esta a sua obra mais conseguida, e via estes painéis como uma das suas melhores obras”, disse à agência Lusa a técnica de restauro Mariagiulia Roscigno, uma das sete especialistas da equipa da NC Restauro – Nova Conservação envolvida no projeto.

A especialista descobriu, durante o estudo da obra, que “é possível notar uma variação na sua forma de se exprimir, um desenvolvimento da técnica, da utilização dos materiais, e até do ponto de vista figurativo”.

Entre 1943 e 1949, Almada Negreiros atingiu o ponto mais alto da sua pintura mural na Gare Marítima da Rocha do Conde d’Óbidos e na Gare Marítima de Alcântara, num conjunto de painéis que estão a ser alvo de recuperação no âmbito de um protocolo de colaboração entre a APL e o Grupo World Monuments Fund Portugal (WMF), com um financiamento global de 700 mil euros, através de donativos de mecenas nacionais e internacionais.

O restauro começou pela Gare Marítima da Rocha do Conde d’Óbidos, onde os especialistas fizeram um pré-diagnóstico do estado dos seis painéis com 27 metros quadrados cada.

Almada inspirou-se nos temas da realidade da capital, como a partida dos barcos carregados de emigrantes, as atividades de pesca e de construção naval junto ao rio Tejo, e à vida lisboeta nas ruas, em espetáculos de circo, com trapezistas e malabaristas, o bulício das peixeiras e dos trolhas.

“São painéis com muito movimento e muitos detalhes de um artista que era multidisciplinar e que gostava de experimentar técnicas diferentes”, apontou Mariagiulia Roscigno, acrescentando que, durante a pesquisa, o grupo de conservadores descobriu que, no trabalho inicial de aplicação dos desenhos nas paredes para a posterior pintura, Almada explorou diversos modos de intervenção.

No primeiro dos três painéis sobre a vida no porto e nas ruas da cidade, o artista retratou-se numa varanda a si próprio acompanhado da mulher, Sarah Afonso (1899-1993), ela também artista modernista, reconhecida pela sua obra.